Em janeiro deste ano, a música começou
a presenciar um fenômeno muito peculiar, mas especificamente no gênero
sertanejo. A presença feminina deixou de ser algo esporádico e se tornou forte
e marcante e foi ganhando força com o passar dos meses de 2017. Vejamos
exemplos de cantoras, sejam elas solo ou duplas que fizeram e ainda fazem
sucesso no cenário musical sertanejo brasileiro.
Nomes conhecidos como Irmãs Galvão,
Roberta Miranda, Inezita Barroso e a mais jovem Paula Fernandes mostram que a
mulher dentro da música sertaneja sempre teve seu espaço individual, nunca foi
uma busca de espaço coletivo, mas isso vem mudando e muito, por um movimento
que começou no interior do país.
De acordo com a Crowley Broadcast
Analisys que fez um levantamento em janeiro de 2016 com a lista das 100 músicas
mais tocadas em nosso país, as cantoras ou compositoras do gênero em debate
ficam entre o 18º e o 42º lugares.
A região de mais difícil acesso ainda é
o Sudeste, onde são menos conhecidas e tem que disputar espaço com duplas de
peso como Jorge e Mateus, Henrique e Juliano, Fernando e Sorocaba e
outras já consagradas do universo masculino.
Neste ano, ficaram em grande destaque
as canções “Meu violão e nosso cachorro” da dupla Simone e Simaria, “10%” de
Maiara e Maraisa, “Quem vê cara não vê coração” de Paula Mattos e “Sentimento
Louco” de Marília Mendonça. Todas canções que falam de traição, amor,
bebedeira, farra com um toque ou muita sofrência.
Maiara e Maraisa
Divulgação
As
gêmeas de 28 anos, nascidas em São José dos Quatro Marcos (MT), cantam desde
pequenas, mas foi a composição que as fez ser notadas por expoentes do novo
sertanejo como Jorge e Mateus e Cristiano Araújo, que gravaram,
respectivamente, “Prisão sem grade” e “Caso indefinido”.
—
Independentemente de ser mulher, o que faz a dupla é o repertório — prega
Maiara. — Era difícil, no mundo masculino do sertanejo, achar uma música que
falasse da nossa realidade, por isso começamos a escrever a nossa história.
Quase sempre o que chegava eram letras enaltecendo os homens.
Simone e Simaria
Divulgação
— Temos
alguns anos de sucesso no Nordeste, cantando forró, e agora, com o “Bar das
coleguinhas”, conseguimos atingir outras partes do país — festeja Simone
Mendes, 33, que canta com a irmã, Simaria, 31. — O sonho do nosso pai era nos
ver cantando sertanejo. E desde que começamos a fazer esse segmento de 20
minutos (de sertanejo) no show, a coisa mudou, começamos a ser chamadas para
fazer TV e cantar em outras partes do Brasil.
Simone e Simaria começaram a cantar ainda crianças, em Uibaí, na Bahia, onde
nasceram. Percalços financeiros (e a morte do pai) as levaram para Mato Grosso
e São Paulo, onde Simaria (“o maior talento para composição da dupla”, diz a
irmã) passou a trabalhar com Frank Aguiar. A dupla estorou com a música “Meu
violão e o nosso cachorro” que é sucesso em todo país.
Marília
Mendonça
Marília Mendonça aparece na lista dos
compositores que mais arrecadaram em 2015 - Divulgação
Segundo o Escritório Central de
Arrecadação e Distribuição (Ecad), Marília também é uma das compositoras que
mais arrecadaram direitos autorais em 2015, com “Calma”, gravada por Jorge e Mateus; e “Faça ela feliz (Cuida bem dela)” e “Até você voltar”, ambas
por Henrique e Juliano.
A
cantora tem apenas 20 anos, e nasceu em Cristianópolis (GO), começando a compor
aos 12.
— Eu
cantava na igreja, mas não era tão boa naquilo. Então, comecei a escrever num
caderninho as minhas histórias com namoradinhos e entrei para uma aula de
violão. Com os quatro acordes que aprendi fiz minha primeira música. Era “Minha
herança”, que foi gravada pela dupla João Neto e Frederico — conta. —
Sempre tive vontade de cantar, mas tinha muito medo de acabar fazendo uma
carreira de um CD só.
Paula
Mattos
Divulgação
— Hoje
há menos barreiras do que na época da Roberta Miranda e na da Paula Fernandes.
O mercado do sertanejo veio se abrindo para as mulheres no último ano, a gente
tem que aproveitar — observa Paula Mattos, artista nascida em Campo Grande (MS)
há 26 anos. — Componho desde os 12 anos e canto desde os 15. Minhas músicas não
são femininas, não é só papo de mulher ou papo de homem, é geral. Não fico
pensando no artista para quem vou compor, eu só deixo a música vir. Não tem
tanta diferença, você tem que falar a sua verdade.
Gravada
por Gusttavo Lima (“Doidaça”), Marcos e Belutti (“Irracional”) e Henrique e Juliano (“Separa, namora”), Paula dá os seus primeiros passos na carreira
de intérprete com muita cautela.
Fonte:
O globo.