26 de dez. de 2016

Retrospectiva Mulheres no Sertanejo em 2017

Ano onde a voz feminina ganhou espaço no universo predominantemente masculino




Em janeiro deste ano, a música começou a presenciar um fenômeno muito peculiar, mas especificamente no gênero sertanejo. A presença feminina deixou de ser algo esporádico e se tornou forte e marcante e foi ganhando força com o passar dos meses de 2017. Vejamos exemplos de cantoras, sejam elas solo ou duplas que fizeram e ainda fazem sucesso no cenário musical sertanejo brasileiro.
Nomes conhecidos como Irmãs Galvão, Roberta Miranda, Inezita Barroso e a mais jovem Paula Fernandes mostram que a mulher dentro da música sertaneja sempre teve seu espaço individual, nunca foi uma busca de espaço coletivo, mas isso vem mudando e muito, por um movimento que começou no interior do país.
De acordo com a Crowley Broadcast Analisys que fez um levantamento em janeiro de 2016 com a lista das 100 músicas mais tocadas em nosso país, as cantoras ou compositoras do gênero em debate ficam entre o 18º e o 42º lugares.
A região de mais difícil acesso ainda é o Sudeste, onde são menos conhecidas e tem que disputar espaço com duplas de peso como Jorge e Mateus, Henrique e Juliano, Fernando e Sorocaba e outras já consagradas do universo masculino.
Neste ano, ficaram em grande destaque as canções “Meu violão e nosso cachorro” da dupla Simone e Simaria, “10%” de Maiara e Maraisa, “Quem vê cara não vê coração” de Paula Mattos e “Sentimento Louco” de Marília Mendonça. Todas canções que falam de traição, amor, bebedeira, farra com um toque ou muita sofrência.









Maiara e Maraisa

Divulgação

As gêmeas de 28 anos, nascidas em São José dos Quatro Marcos (MT), cantam desde pequenas, mas foi a composição que as fez ser notadas por expoentes do novo sertanejo como Jorge e Mateus e Cristiano Araújo, que gravaram, respectivamente, “Prisão sem grade” e “Caso indefinido”.
— Independentemente de ser mulher, o que faz a dupla é o repertório — prega Maiara. — Era difícil, no mundo masculino do sertanejo, achar uma música que falasse da nossa realidade, por isso começamos a escrever a nossa história. Quase sempre o que chegava eram letras enaltecendo os homens.

Simone e Simaria

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— Temos alguns anos de sucesso no Nordeste, cantando forró, e agora, com o “Bar das coleguinhas”, conseguimos atingir outras partes do país — festeja Simone Mendes, 33, que canta com a irmã, Simaria, 31. — O sonho do nosso pai era nos ver cantando sertanejo. E desde que começamos a fazer esse segmento de 20 minutos (de sertanejo) no show, a coisa mudou, começamos a ser chamadas para fazer TV e cantar em outras partes do Brasil.
Simone e Simaria começaram a cantar ainda crianças, em Uibaí, na Bahia, onde nasceram. Percalços financeiros (e a morte do pai) as levaram para Mato Grosso e São Paulo, onde Simaria (“o maior talento para composição da dupla”, diz a irmã) passou a trabalhar com Frank Aguiar. A dupla estorou com a música “Meu violão e o nosso cachorro” que é sucesso em todo país.

Marília Mendonça

Marília Mendonça aparece na lista dos compositores que mais arrecadaram em 2015 - Divulgação

Segundo o Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad), Marília também é uma das compositoras que mais arrecadaram direitos autorais em 2015, com “Calma”, gravada por Jorge e Mateus; e “Faça ela feliz (Cuida bem dela)” e “Até você voltar”, ambas por Henrique e Juliano.
A cantora tem apenas 20 anos, e nasceu em Cristianópolis (GO), começando a compor aos 12.
— Eu cantava na igreja, mas não era tão boa naquilo. Então, comecei a escrever num caderninho as minhas histórias com namoradinhos e entrei para uma aula de violão. Com os quatro acordes que aprendi fiz minha primeira música. Era “Minha herança”, que foi gravada pela dupla João Neto e Frederico — conta. — Sempre tive vontade de cantar, mas tinha muito medo de acabar fazendo uma carreira de um CD só.
Paula Mattos

 Divulgação

— Hoje há menos barreiras do que na época da Roberta Miranda e na da Paula Fernandes. O mercado do sertanejo veio se abrindo para as mulheres no último ano, a gente tem que aproveitar — observa Paula Mattos, artista nascida em Campo Grande (MS) há 26 anos. — Componho desde os 12 anos e canto desde os 15. Minhas músicas não são femininas, não é só papo de mulher ou papo de homem, é geral. Não fico pensando no artista para quem vou compor, eu só deixo a música vir. Não tem tanta diferença, você tem que falar a sua verdade.
Gravada por Gusttavo Lima (“Doidaça”), Marcos e Belutti (“Irracional”) e Henrique e Juliano (“Separa, namora”), Paula dá os seus primeiros passos na carreira de intérprete com muita cautela.

Fonte: O globo.


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